quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

E POR FALAR EM EDUCAÇÃO

Norma de Souza Lopes
nosolo@ig.com.br
Buscar um texto motivador, que reflita o que nós, educadores de escola pública, estamos vivendo estava muito difícil, então resolvi eu mesma escrevê-lo. A tarefa se mostrou complicada, mas acabou por ampliar minhas idéias sobre qual o resultado que esperado desse artigo.
O que escrever: algo para motivar? Algo para resolver o problema da indisciplina? Ou algo para ajudar a administrar conflitos?
Tudo isso e muito mais!
Comecei a pensar em nossos alunos, jovens que aparentemente não querem aprender.
Um contra-senso!
É característica primeira dos jovens querer acertar, ser autênticos e verdadeiros. Eles também não têm medo do novo ou de mudanças. Isso faz deles sujeitos inteiramente prontos para saber, conhecer, entrar em contato com essa ciência que, ainda que fragmentada, ensaiamos em nosso currículo.
Por isso, aos nossos jovens, teremos que convencer sobre a importância da ciência, convencer sobre sua agradabilidade. Teremos que seduzi-los como fomos seduzidos ao escolher mergulhar em nossas áreas de conhecimento. Teremos de buscar em nossa memória os elementos que nos seduziram, aquilo que nos fez amar o conhecimento. Teremos então que leva-los a provar esse sabor-saber.
Já me disse alguém: o conhecimento não é alcançado por todos. E os nossos – alguns já chegam perdidos – também não serão todos a alcançá-lo. Mas nem por isso podemos desistir, pois educador se realiza educando.
E educar precisa ser um projeto de sucesso (rezam os bons manuais que para construir um projeto de sucesso é necessário construí uma história pessoal, crer e vivê-la cotidianamente).
Projeto de ensino com sucesso também deve ser um projeto coletivo, de equipe. A equipe deve que construir sua história, crer e vive-la cotidianamente. Para essa construção cada educador pode oferecer suas experiências pessoais e relatá-las de forma a evidenciar como cada escolha transformou suas ações e o fez crescer.
É assim que eu tenho feito. Decidi a muito que minha missão seria me interessar genuinamente pelas pessoas, ser alguém bom e honesto, estabelecer uma relação de ajuda com todos que isso esperassem de mim. Não que não tenha pensamento e ações contraditórias (quem não os têm?). Como todos erro tentando acertar. Enfraqueço. Esmoreço. Mas me levanto.
Mas quando quero ajudar alguém e percebo que ele precisa mudar, saio do meu lugar, me dirijo ao lugar do OUTRO, direciono minha atenção para ele. Ouço... Pergunto o que ele deseja..... Conheço.
O efeito é mágico: tenho ajudado pessoas e o melhor, tenho mudado para melhor todos os dias. Integro esses “outros” melhores ao meu ser.
Minha história passa a ser uma história coletiva.
O que isso tem a ver com ensinar?
Só podemos ensinar quando lembramos como aprender. Só sabe os o significado quando aprendemos a ver, ouvir, tocar, cheirar. Ë o sensível que nos ajuda a significar. Conhecer o outro é tomar ciência. É fazer ciência.
Portanto o apelo hoje é para fazermos ciência: ciência das letras, ciência das artes, ciência da lógica, ciência da matéria, ciência dos espaços, ciências dos organismos, ciência da história humana e ciência das histórias pessoais de nossos jovens alunos. Uma ciência doce e saborosa.
Como pedir algo tão altruísta a profissionais massacrados como nós, educadores?
Adam Smith disse que o melhor resultado é obtido quando todos do grupo fazem o que é melhor para si. John Nash, o matemático, melhorou e disse que o melhor resultado é obtido quando todos fazem o que é melhor para si e para o grupo.
Não podemos melhorar de imediato o nosso salário e nossas condições de trabalho - ainda que possamos lutar juntos por eles- mas podemos melhorar nosso salário emocional, pois ele só depende da PEDAGOGIA DA GENTILEZA.
Trata-se de uma idéia que me ocorreu de que podemos nos aproximar, distribuir afetos, gentilezas. Essa idéia me diz que mesmo que não tenhamos sucesso com o ensino das ciências ditas universais, poderemos humanizar e ganhar forças para lutarmos por valorização de nossa função: EDUCADORES HUMANIZADORES.

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