domingo, 26 de dezembro de 2010

Meditação de Férias ou férias da meditação


Há alguns meses tenho tentando meditar. Tive sucesso nessa tarefa  enquanto estava trabalhando. Uma musiquinha de relaxamento, a  luz fraca das cinco da manhã, penetrando nos vidros azuis da minha sala me ajudaram a suportar dias tenebrosos de labuta. No entanto sempre ficava aquele gostinho de quero mais. Pensava que quando minhas férias chegassem meditaria todo dia, por muitas horas. 


Não é isso que aconteceu.


Assim que anuncio que minha mente deve acalentar-se  inicia-se o desfile. Uma gigantesca cadeia  de pensamentos passam diante de mim. Me lembro da descrição de Liz Gilbert em Comer, Rezar Amar e a certeza de que não sou a única me consola. 


Veja: 


"Como a maioria dos humanóides, tenho o fardo a que os budistas chamam mente de macaco - os pensamentos que passam de ramo em ramo, parando apenas para se coçar, cuspir e gritar. A minha mente oscila entre o passado distante e o futuro incognoscível, aflorando dezenas de ideias por minuto, desembestada e indisciplinada. Isto em si mesmo não é necessariamente um problema, o problema é a ligação emocional que acompanha o pensamento. Os pensamentos felizes, fazem-me feliz, mas com rapidez passo outra vez à preocupação obsessiva e ao mau humor; e depois vem a recordação de um momento de raiva e começo a ficar irritada e aborrecida outra vez; depois, a minha mente decide que talvez seja boa altura para começar a sentir pena de si mesma e a solidão depressa aparece."


Preciso lutar muito para que minhas meditações não tenha o fim descrito por Elizabeth. Venho pesquisando para aprender a conter os tais macacos. Li outro dia num site de gnose que podemos parar os pensamento dando  um exercício insolúvel para a mente. 


Que tal imaginar que a beira de um abismo há uma arvore e que essa árvore lançou para fora do paredão uma enorme raíz. Se quiser ocupar sua mente basta informá-la que há um homem pendurado nessa raiz e que é preciso achar uma forma de tirá-lo de lá. 


O curioso é que esse exercício, ao invés de domar minha mente, me faz rir tanto que acabo tendo que renunciar à meditação. O que acontece é que eu não aceito a proposta de "insolúvel" descritas pelos gnósticos. Eu me vejo às bordas do abismo, empunhando uma corda para salvar o tal homem. Me pego conduzindo um helicóptero para resgatar o dependurado. Só que "eu", essa pessoa que medita, não deveria estar lá. Eu deveria estar fazendo aquilo que venho tentando desde sempre: meditar.


Como esse meu mar não está para peixe vou fazer o que todo mundo faz quando está de férias em casa, sem posssibilidade de viajar. Vou comer, ver belos filmes, ler, escrever e dormir. Minha mente já está de férias


Deixo a meditação para quando realmente precisar dela. Na volta ao meu enlouquecedor mundo do trabalho.


Norma de Souza Lopes

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