quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

DIGRESSÕES PASTICHES


Por mais que eu goste de escrever sempre esbarro nessa incompetência para  narrativas interessantes. Me limito a uma digressõezinhas mal construídas e acho que só sou capaz de contar histórias em que eu mesma sou personagem. E minha história é chata pra burro.  
Fico me perguntando se essa volição não é mais uma faceta dos meus vícios. Se for, pelo menos é mais barata que comer ou comprar. Mas não vamos ser injustas - primeira pessoa do plural, não dava para fazer uma frase elegante sem ela- Também gosto muito de ler.  Acabei de degustar uma releitura de Shakespeare que  o Veríssimo fez e o narrador era um papagaio francês. 
Haja criatividade para isso. Cada parágrafo  de digressão do tal do perroquet vale mais que uma página inteira do meu blog. O danado do papagaio se diz ausente no discurso mas passa 147 páginas nos divertindo enquanto conversa com um gravador.
Até a morte conta histórias melhor que eu. O Markus Susak conseguiu colocar a morte contando a história inteira de uma menina alemã. 500 páginas, 4 anos de história tendo o nazismo como pano de fundo. Ainda assim deliciosa, leve e divertida.
E eu aqui tentando contar a história de um desmemoriado. Não consigo fazer a droga da história sair das 25 páginas. Tentei fazê-la virar conto mas desisti. Todo dia amanhece na m... da história. Grande demais pra conto, pequena demais pra romance. Só de raiva vou deixar ela amadurecendo pra ver o que é que vira - ou mofando:    como queiram. 
Em poesia me expresso melhor. Já havia dito em "Descontar";



O que há de peculiar
em minha história
que a faça digna
de ser contada?

Mulheres já foram
excluído já foram
tímidos já foram

Não vejo nada acenar
que faça minha história mais bela
que a de Carlos Drummond de Andrade.

Sigo publicando minhas digressões pastiches e esperando agradar a pelo menos dois leitores do recanto por que esse blog parece um cemitério. Só recebe visita em dia santo.

Norma de Souza Lopes


Nenhum comentário:

Postar um comentário