quinta-feira, 28 de março de 2013

Essa semanas, conversando com a turma e com aquele aluno de 12 anos que ainda não foi capaz de ler dei uma resposta inusitada que iluminou minha compreensão acerca do "ensino" de literatura na escola.
Toda semana leio um livro para eles. Enquanto leio converso sobre as ilustrações, sobre as técnicas de pintura, sobre os recursos que o autor usou para ganhar o leitor etc. Além disso conto histórias para que os alunos reescrevam. Trata-se de um esforço para que eles se apropriem de técnicas de formatação, apresentação de narrador /discurso no texto. A ideia e que no final do ano (como no ano passado) cada um escreva e ilustre seu próprio livro.
Estava justamente falando acerca do valor da leitura quando ele me perguntou:
__ E eu professora, como faço, eu tenho problema, não consigo aprender a ler?
__ Eu também tenho problema, sou míope e não consigo ler. Por isso uso óculos. Eu acredito que você ainda possa aprender a ler. Mas se isso não acontecer, poderá ter quem leia assim como eu leio para você agora. Se não tiver ninguém que leia, há programas de computador que leem para você.
__ Isso é para ricos, professora!
__ Não, isso não é só para ricos, é também para quem luta. Veja o caso do X. Ele não pode vir à escola e a professora vai até a casa dele. A mãe dele lutou por isso. É preciso lutar pelo que se quer. Se você quiser muito saber o que há nos livros, sempre haverá um jeito. E você consegue isso lutando.

Finalizo explicando minha constatação. É preciso tornar a leitura um desejo avassalador, a ponto de ser objeto de luta. Acredito que se eu conseguir instalar em meus alunos essa gana, a leitura fará o resto. Foi assim comigo.

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