sábado, 7 de setembro de 2013

A iminência de voltar a Itabira sob tutela dos projeto  "Caminhos Drummondianos" me faz voltar a esta que talvez seja minha maior referência. A poesia de Drummond foi a primeira que se insinuou a mim como possibilidade de significação do mundo. Comungo com ele tudo que apresentou em "Alguma Poesia", "Sentimento do Mundo", "A Rosa do Povo", "Claro Enigma", "Boitempo" e tantos outros. Como ele venho saltando do   idealismo para a desilusão, do presente para o passado,  da velhice para a infância. 

Hoje eu vou ficar como "Consolo na Praia". Pra me lembrar que nem cão eu tenho. 

Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento…
Dorme, meu filho.

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