segunda-feira, 20 de junho de 2016

expiação

guardo uma impressão confusa 
acerca de seus contínuos regressos
na casa em ruínas objetos esquecidos 
sobre móveis empoeirados 
esperam por você 
como se não soubessem 
que só retornarias 
para dar cabo à demolição
que iniciastes  antes de partir

me seduzistes com esse sorriso 
que usam os que estão acostumados 
a ganhar sempre
e eu, mariposa suicida
comi o pão de todas as ideias 
e bebi o sangue derramado por elas
até compreender que és
um mercador de mentiras
tu me dizia
"beba a dor que te sirvo
lágrimas são fáceis de engolir"
e eu te obedecia

estou pronta para sacrificar este amor
ou qualquer que seja o nome deste mal
não seguiremos juntos o curso do rio
és incapaz de me suster em seu coração

sou muito afeita aos escândalos
mas sacar como arma 
minha antigas cartas
afim de evocar o amor
é um esforço patético
nenhuma célula 
de quem escreveu 
vive em mim
veja que sou uma orquídea
nascida das feridas que você plantou

é chegado o dia de esmagar
o espelho que tenho sido
até imolar sua memória
fechar meu peito a sete selos
e vingar-te com meus dedos 

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